Para participar das promoções, concursos e receber as nossas news
Cadastre-se03/10/2022
Imagine uma cidade que tem suas ruas invadidas por seresteiros,entoando canções de Nelson Gonçalves, Silvio Caldas e Gilberto Alves, entre outros artistas antigos e consagrados. Pode parecer coisa de filme, mas, em Conservatória, distrito de Valença, no interior do Rio de Janeiro, isso é mais do que real. Este pequeno arraial, com cerca de 5 mil moradores, recebe 2 mil turistas nos finais de semana. Eles vêm, na maioria, para curtir as famosas serestas e serenatas do lugarejo.
Nas noites de sexta e sábado e nas vésperas de feriado, os músicos da cidade se encontram. Primeiro no Serenoite, às 20h30, na Rua do Lazer; depois, no Museu da Seresta e Serenata – que possui o maior acervo deste tipo de música do país e um dos maiores do mundo –, para os primeiros acordes da seresta. De lá, saem para as serenatas, por volta das 23h, em cortejo, tocando e recitando poesias pelas ruas.
Os dias em Conservatória também são regados a canções. Aos sábados, das 11h às 13h, acontece a “Matinata”, circuito musical pelo centro comercial da cidade; e, nos
domingos, das 10h às 12h, o ritual da seresta se repete, com o nome de “Solarata”. Os eventos só não acontecem quando chove.
Na Igreja da Matriz de Santo Antônio, padroeiro da cidade, mais uma atração musical. No quarto domingo de cada mês acontece a Missa dos Seresteiros. Eles acompanham as orações cantando e tocando – as letras são religiosas, mas a harmonia é das serestas. Vale destacar que a igreja começou a ser erguida em 1850, levando quase 40 anos para ficar pronta. Em seu interior funciona um museu de arte sacra, com peças dos tempos do Brasil Colônia.
Em Conservatória, encontra-se, também, o Museu Sílvio Caldas, Gilberto Alves, Nelson Gonçalves e Guilherme de Brito, com fotos e objetos pessoais dos cantores e compositores. Músicas, tocadas em um antigo toca-discos, formam a trilha sonora da visita. Há ainda o Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu, com acervo de fotos, discos e objetos pessoais do cantor e ator, e de sua esposa, a cantora lírica, cineasta e escritora Gilda de Abreu.
Com seu casario colonial do século XVIII e ruas com nomes de modinhas e valsas, Conservatória preserva não apenas a alma da seresta brasileira, há mais de um século, mas características bucólicas de um lugar pacato e tranquilo, que cresceu e prosperou durante o ciclo do café, chegando a abrigar mais de 100 fazendas. Algumas delas foram preservadas e são abertas à visitação, como a Fazenda São Fernando ou a Santa Clara, que serviu de cenário para a novela “Terra Nostra”, da Rede Globo; ou ainda a Florença, transformada em hotel. Na São José, vale a pena conhecer o Quilombo, onde residem cerca de 100 descendentes de escravos.
Passeio é o que não falta na cidadezinha. A Serra da Beleza, por exemplo, é muito visitada pelos aficionados em fenômenos extraterrestres, que a consideram campo de aterrizagem de ovnis (objetos voadores não identificados), e por quem aprecia uma bela vista. Também merecem visitação: a Ponte dos Arcos, de 1884, construída pelos escravos para dar passagem à Rede Mineira de Viação; e o Túnel Que Chora, cavado a mão pelos escravos, na pedra bruta, para também servir de caminho do trem.
A locomotiva A Maria Fumaça, que puxava os vagões de passageiros e o trem com a produção de café, é a grande vedete do local. A locomotiva 206, construída na Filadélfia (EUA), em 1910, fica estacionada logo na entrada da cidade, em frente da antiga Estação Ferroviária de Conservatória, atual rodoviária. Ela foi a segunda a operar no local – a primeira foi trazida da Alemanha por Dom Pedro II.
Outro ponto que desperta o interesse de turistas e moradores é o balneário João Raposo, antes da estrada que leva a Valença, e sua Cachoeira da Índia, que tem, no meio do lago, uma escultura em bronze que remete a uma índia asteca. No balneário existem restaurante, bar, sanitários, campo de futebol society e quadra de vôlei. A alguns quilômetros, no sentido de Valença, fica o Ronco d’Água, com quedas d’água que descem por uma encosta artificial, formando uma escadaria e fazendo com que seu barulho seja ouvido a quilômetros de distância. A região é uma boa opção também para quem curte passeios ecológicos, enduros, rallyes, pescarias, cavalgadas e trilhas, tudo com guias especializados.
Deixe um comentário