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21/09/2023

Por sua experiência, Waldir de Lima merece o título de mestre rodoviário

Aos 11 anos, ele já pegava no batente, trabalhando em feira. Passava o dia inteiro em pé; era uma atividade dura para o menino, ainda criança. Aos 13, ele ingressou no universo das empresas de ônibus. Waldir de Lima, 68 anos, atua há 55 anos como rodoviário, e passou por várias empresas do estado do Rio e até de outros estados, todas do grupo Jacob Barata. Uma vida inteira dedicada ao transporte coletivo por ônibus.

“Antigamente, as empresas podiam contratar menor de idade para trabalhar; era carteira assinada, tudo direitinho. Eu comecei nos serviços gerais, varrendo garagem, na Viação Acari. Foi o meu primeiro emprego em empresa de ônibus. Depois, fiquei como ajudante na manutenção, lavando peças. Eu chegava cedo, por volta das 6h, e colocava as peças na bandeja; quando os responsáveis das seções chegavam, por volta das 8h, já estava tudo lavado”, conta Waldir. “Eu gostava de ver tudo limpo; pedia pros lanterneiros, mecânicos ou pro chefe de garagem pra fazer as bandejas, pra eu poder lavar as peças e deixar já nas portas das seções”, explica.

Trajetória profissional

Ao longo de sua trajetória no transporte público, nas empresas do grupo Jacob Barata, Waldir teve a oportunidade de estudar e fazer vários cursos, o que lhe permitiu crescer profissionalmente. Trabalhou no almoxarifado, foi chefe de manutenção, chefe de garagem, supervisor, comprador e chegou até a dirigir ônibus, quando faltava motorista. “No começo, não era fácil encontrar motorista”, lembra. “Eu só trabalhei nas empresas desse mesmo grupo. Onde precisavam de mim eu ia. Fui pra Normandy, Verdun, que era a Saens Peña e depois se tornou a Nossa Senhora das Graças, quando se juntou com a Transurb. Até para fora do estado do Rio eu fui. Eles me acionavam para organizar as coisas, formar uma equipe e deixar tudo dentro dos padrões, do jeito que eles gostavam”, explica.

No almoxarifado, Waldir criou um método de organização do estoque, adotando duas numerações, uma interna e outra do fornecedor. Com isso, facilitou o controle das peças que entravam e saíam. “Eu arrumei direitinho… Apliquei o mesmo sistema da Mercedes, usando o código da Mercedes, que é o mesmo no mundo inteiro, e, para dentro da empresa, usava um código interno; era um número interno e outro externo para todas as peças. Eles gostaram e eu tive que levar esse sistema de arrumação para as outras empresas do grupo”, conta.

Aposentadoria, família e volta ao trabalho

Em 2017, já aposentado, Waldir resolveu dar uma parada para descansar e curtir a família. Casado há mais de 20 anos com a também rodoviária aposentada, Deise de Souza, 57 anos, com quem trabalhou na antiga Viação Saens Peña, o comprador da Ideal é pai de quatro filhas, sendo três do primeiro casamento e uma da união com Deise. A mais velha, Elisângela, está com 33 anos e atua como chef de cozinha. Elaine, de 32 anos, é psicóloga, e Alexandra, de 31, formada em inglês, trabalhou anos em cruzeiros e mora há cerca de 15 anos na Croácia. Débora, a mais nova, “o xodó da família”, vai completar 23 anos em novembro e tem formação na área de informática. “Ela fez rede, se formou em rede, é coisa de computador”, tenta explicar o pai. “Agora está fazendo outro curso, acho que é de anúncio”, completa. Além do papel de marido e pai, Waldir também é avô de três rapazes e uma moça. “A menina é filha da Elisângela e está trabalhando na Reduc, os garotos também são adultos, os filhos da Elaine. A minha filha que mora na Croácia também tem um filho, que vai fazer 10 anos”, revela.

Depois de um período de cerca de seis anos de descanso, aproveitando a aposentadoria, no ano passado Waldir foi convidado pela direção do grupo Jacob Barata a retornar ao trabalho. “Eles me chamaram para a Viação Ideal, para atuar como comprador”, diz orgulhoso. Ele faz questão de demonstrar sua gratidão ao “patrão”. Vítima de paralisia infantil, aos cinco anos de idade, que deixou uma sequela na perna esquerda, Waldir lembra que teve uma infância difícil, iniciada no Rio Grande do Norte, estado onde nasceu, numa família de 12 irmãos, que migrou para o Rio de Janeiro para tentar melhorar de vida. “A gente penou no Rio. A pessoa pobre e ainda com deficiência sofre muito e nem todo mundo dá oportunidade de trabalho. Devo tudo ao senhor Jacob, porque ele me deu oportunidade, fiz cursos, estudei, cheguei até a entrar na faculdade, mas não terminei. Ele e os filhos sempre me ajudaram. O senhor Jacob foi como um segundo pai pra mim”, revela.

Sossego e bem-estar da família

Atualmente, um de seus sonhos está sendo realizado, que é “ficar um pouco mais sossegado”. “Eu tive uma vida muito agitada, ia pra um lugar, pra outro, viajando, muita pressão, trabalhando sabendo que tinha uma responsabilidade muito grande. Agora, sinceramente, quero mais paz”, diz. Outro sonho, que é ver a família bem, também se concretizou; afinal as filhas já estão formadas, trabalhando em suas profissões, e lhe deram netos que também se tornaram pessoas íntegras, das quais Waldir pode se orgulhar.

Com toda essa experiência profissional, de mais de meio século no setor de transporte por ônibus, tendo começado no segmento ainda nos anos 60, praticamente no início da formação das empresas de ônibus no estado do Rio de Janeiro, e tendo passado por quase todas as mudanças e inovações que transformaram esse segmento no que ele é hoje, Waldir talvez possa ser chamado de mestre rodoviário. E o conselho do mestre para quem está começando agora é simples: “buscar sempre melhorar. A pessoa tem que se ajudar para poder ser ajudado”, diz.

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