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São 79 anos de vida e 51 de atuação como rodoviário. E esse é o maior orgulho do motorista Carlos Dorio Piol, da Braso Lisboa, empresa onde trabalha há 38 anos, sendo 36 na mesma linha, a 473 (São Januário – Lido). Aposentado desde os 47 anos, pois começou a trabalhar muito cedo, ele não pensa na hipótese de parar. “A minha profissão é tudo pra mim. Se Deus me desse mais outra vida, eu ia fazer a mesma coisa. Porque eu amo fazer o que eu faço, entendeu?”.
Sua história no transporte coletivo por ônibus começou na extinta Auto Viação Paraense, que encerrou suas atividades em janeiro de 1991. “Antes de ser rodoviário, eu trabalhei em serraria, em obra e também na portaria de um hotel. Mas eu queria mesmo era ser motorista de ônibus. Com a ajuda de um colega, tirei minha habilitação. Fiz o exame, passei, peguei minha carteira e depois falei: – eu quero, eu vou ser motorista de ônibus. Botei aquilo na cabeça e ninguém tirava. Aí, fiz alguns treinamentos na autoescola, passei e depois me inscrevi para fazer o treinamento numa empresa (a Paraense). Eu trabalhava de noite no hotel e de dia ia treinar para motorista”, conta.
Em toda sua trajetória como rodoviário, Piol atuou em apenas duas empresas: a Paraense, onde ficou durante 14 anos, e a Braso Lisboa. “A Viação Paraense já estava falindo quando o pessoal da Braso falou que quem quisesse trabalhar lá era só procurar fulano de tal. Aí eu fui, fiz minha inscrição, fui aprovado nos testes, comecei e estou aqui até hoje. Este ano eu faço 51 anos de motorista de ônibus, muito feliz da vida”, diz emocionado.
Nascido no Espírito Santo, no distrito de Baunilha, em Colatina, Piol vem de uma família de seis irmãos. “Éramos seis, mas a caçula faleceu há três anos”, diz. Desde muito cedo, ainda criança, o motorista já ajudava o pai no roçado. “Minha vida começou na roça, no verde, na enxada, no machado, no facão. Meu pai me levava pra roça. Eu fui criado ali. A gente plantava tudo: arroz, feijão, banana… Meu primeiro emprego de carteira assinada foi numa serraria. Eu ainda era menor, tinha uns 16 ou 17 anos. Meu pai que recebia meu salário”, lembra.
Em 1963, Piol resolveu fazer uma mudança radical. “Eu comecei a enxergar que a vida lá (em Colatina) não ia ter muito futuro. Aí, tinha um amigo que estava de viagem marcada para cá, para o Rio de Janeiro. Então, falei para minha mãe e meu pai: – eu vou também, vou tentar”. E foi assim que o rodoviário chegou à capital carioca, cidade que adotou como lar.
Morador de Inhaúma, bairro próximo ao Engenho da Rainha, onde fica a Braso Lisboa, Piol foi casado duas vezes e teve um casal de filhos com a primeira esposa. O rapaz, Israel Carlos, faleceu aos 30 anos, de aneurisma cerebral, deixando um filho ainda criança, com pouco mais de três anos de idade. A filha, Rosana Maria, 53 anos, lhe deu dois netos, hoje com 23 e 21 anos, e também criou o sobrinho, que está com 27 anos. “Quando a minha folga é de dois dias seguidos, eu vou visitar minha filha, que mora em Campo Grande”, revela Piol.
O motorista mora sozinho, com seu cachorro Pimpim, e cuida de todas as tarefas de casa. “Daqui a pouco, vou lavar minhas roupas para adiantar o trabalho, vou cozinhar feijão – já até comprei uma carne seca -, vou varrer a casa, passear com meu bichinho… Eu faço tudo mesmo. Isso é a minha vida e não quero ninguém para morar comigo, não”.
A jornada diária de Piol inicia muito cedo, ainda de madrugada. “Eu começo a trabalhar às 4h30min e largo às 13h30 ou 14h, dependendo de como está o trânsito. Agora, por exemplo, com o período de férias escolares, o trânsito está bem melhor”, explica. Nesses 51 anos como rodoviário, o motorista já viveu e presenciou muitas situações boas e ruins. De positivo, ele fala que, pelo fato de atuar na mesma linha há mais de 30 anos, já transportou mais de uma geração de pessoas de uma mesma família, por exemplo. Certa vez, um passageiro contou que sua filha, já casada e mãe, costumava viajar com Piol na época da escola.
As experiências difíceis são normalmente ligadas a assaltos ou tentativas de assaltos. Uma delas aconteceu em Copacabana, pouco antes do início da pandemia da Covid-19. “Quando eu cheguei no ponto do passageiro que pegava o ônibus comigo todo dia, entrou um malandro. Ele parou do meu lado e eu perguntei se ele ia passar ou não… eu já imaginava que ia assaltar. Quando cheguei perto da Siqueira Campos, ele disse para eu não parar para mais ninguém e me mostrou uma garrafa quebrada. Aí eu pensei: – é tudo ou nada, seja o que Deus quiser. E avancei nele, peguei no braço dele… só que ele pegou a garrafa e me acertou na sobrancelha. Ele queria furar minha vista. Eu gritei e dois passageiros pularam a roleta na mesma hora e bateram nele. Depois, uma passageira chamou um táxi pra mim e fui para o hospital. Eu estava perdendo muito sangue. Passei a tarde lá me tratando”, lembra. Pouco mais de um ano depois, Piol foi chamado para depor e reconhecer o bandido.
Para Carlos Piol, ser rodoviário é um grande orgulho. “Eu amo fazer o que eu faço, eu faço com carinho, com amor”, afirma. Segundo ele, o segredo para ser um bom profissional é ter tranquilidade e paciência. “Eu não conheço as palavras pressa e estresse. Se o trânsito para, eu fico relaxado e espero. Se parou, eu paro também. Tem que esquecer a pressa e o estresse”. Ao ser questionado se ainda nutre algum sonho, Piol é enfático: sim, eu quero viver. Viver, esse é meu sonho”.
Ao receber a informação de que seria entrevistado para a seção Perfil, do Portal do Rodoviário, Piol, que já havia concedido depoimento para o Instagram do Rio Ônibus, disse que não sabia explicar o sentimento de emoção. “Não mereço todas essas homenagens”. Pois, se há algum rodoviário que mereça ser reverenciado, ele se chama Carlos Piol. Pelo tempo e amor dedicados à profissão, fica aqui uma singela homenagem e agradecimento, através desta matéria que conta um pouquinho quem é esse rodoviário.
Bom dia. Que história linda e inspiradora!
Tenho doze anos como rodoviário caminhando pra treze esse ano tranquilidade e paciência esse e o segredo do sucesso sábias essas palavras.
Parabéns, pela dedicação, quando fazemos o que gostamos o tempo nao passa…
Saúde e paz…
Obs : trabalho na Braso também, uma excelente empresa…
Parabens que DEUS abençoe ele sempre, e eu espero chegar um dia nesse patamar!!!!
👏👏👏👏👍👍👍👍🙌🙌🙌🙌