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26/09/2024

Alexandre de Paula trilhou uma longa jornada para tornar-se motorista de ônibus

Alexandre Oliveira de Paula, 43 anos, motorista da Cidade Real, de Petrópolis, é daqueles profissionais apaixonados pelo que fazem. Ele começou sua trajetória no transporte por ônibus recentemente, em 2018, como motorista júnior, dirigindo micro-ônibus, na mesma empresa onde atua. “Eu vinha do caminhão, trabalhava com cargas, aqui mesmo na cidade. Aí coloquei meu currículo na Cidade Real e fui chamado. Depois fiz a escolinha, fiz um curso de transporte de passageiros no Sest Senat de Três Rios, durante um mês, levado pela própria empresa, então fiz o teste e me tornei motorista profissional”, conta.

Sua jornada no mercado de trabalho iniciou cedo, aos 16 anos, em um supermercado de Petrópolis. “Minha mãe precisou até assinar meu primeiro contrato porque eu era menor de idade”, lembra. “Comecei como empacotador, depois repositor, fui para o açougue… Fiquei quase nove anos lá. Mas, teve um período de intervalo, quando prestei serviço militar”, completa. Alexandre trabalhou ainda em uma gráfica, como ajudante geral, tanto na produção como fazendo entregas, e em uma fábrica de tecidos, no setor de tecelagem, reabastecendo as máquinas com linhas. Aprendeu um pouco disso tudo, mas sua vocação sempre foi dirigir.

Primeira vez ao volante

O primeiro contato direto com o volante foi como motorista de automóvel em uma fábrica de roupas femininas, onde ficou por cinco anos e até viajava para outros estados levando os patrões. Em seguida, atuou como motorista de táxi em vários pontos de Petrópolis. “Eu sempre quis dirigir. Quando era criança, aos 9, 10 anos, sempre que ia para a igreja com meus pais, de ônibus, ia sentado lá na frente, perto do motorista; isso era algo involuntário. Não que eu imaginasse fazer aquilo um dia, eu gostava de ficar olhando. Assim fui me apegando àquele mundo”, revela.

O despertar para a possibilidade de trabalhar como motorista demorou um pouco: Alexandre só tirou sua habitação aos 30 anos. Mas, a partir daí, fez disso sua vida. Em 2018, resolveu subir mais um degrau na profissão e tirou a carteira D, começando, em seguida, a trabalhar com caminhão de entregas. No mesmo ano, candidatou-se a uma vaga para a Cidade Real e foi convocado para o processo seletivo, iniciando em seguida sua jornada no ônibus. “No dia 5 de dezembro de 2018, a empresa assinou minha carteira”, comemora.

O início, no “Corujão”

A primeira experiência foi no chamado “Corujão”, serviço de ônibus que opera durante a madrugada. “Na época, todo novato começava no “Corujão” para pegar prática, porque é um horário sem muito trânsito”, conta. Após três meses, Alexandre passou para o horário diurno. “Eu me preparei para isso e gosto muito do que eu faço. Eu não sou fumante, não bebo bebida alcoólica, eu gosto de estar sempre disposto a ajudar a empresa, seja trabalhando no meu turno, ou em outro turno, ou em outra linha, eu não esquento a cabeça, eu quero trazer o sustento para minha família e ajudar a empresa”, diz.

Segundo Alexandre, a carreira de motorista de ônibus é sacrificante, mas também gratificante. “Eu transporto as coisas mais valiosas do planeta; eu transporte vidas, transporto grávidas, transporto idosos; são pais, avós, irmãos, filhos de outras pessoas, que podem até ser pessoas de destaque na cidade, mas cujos familiares andam de ônibus. E se tiver com um bolsa pesada, eu ajudo, ajudo o idoso a sentar, a descer do ônibus… É assim que faço o meu trabalho”, revela o petropolitano, marido de Luana e pai do Eric, 20 anos, e da pequena Emily, 4 anos.

Linha turística e moradores amigos

O motorista atua na linha 101 (Rodoviária do Bingen x Rocio), que possui 25 paradas. “O Rocio é uma estância turística, no topo da montanha, dividindo Petrópolis e Miguel Pereira. Lá tem uma base da aeronáutica (Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – Cindacta I), responsável pelo controle do espaço aéreo do Rio, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Eles lá fazem previsão meteorológica também”, explica o motorista, fazendo a vez de guia turístico.

De acordo com Alexandre, no trajeto da 101 há muitos restaurantes, pousadas, cachoeiras, trilhas, poços. “No verão, é um local bastante movimentado. No inverno, faz muito frio porque é muito alto – são cerca de 1.600 metros acima do nível do mar no ponto final da linha; já cheguei a pegar temperatura de menos um grau. É uma linha turística que fica dentro da reserva biológica de Araras”, informa. Ao longo da viagem, de cerca de 25 minutos, o motorista costuma ser presenteado com ovos e frutas cultivadas pelos moradores. “É um lugar rústico… Alguns param o ônibus só para me entregar abacates, limões, bananas… Nem embarcam”, conta. A consideração dos residentes pelo condutor é tanta que ele faz parte, inclusive, do grupo de moradores no Whatsapp.

Os segredos do sucesso profissional

Alexandre chega à garagem todos os dias por volta das 4h20 para pegar o ônibus. “Faço a checagem da lateria, das luzes, da água, do motor, do pneu, confiro o interior para ver se está limpinho, se foi varrido, vejo se as lixeiras internas estão vazias e aí começo minha jornada com a primeira viagem, às 5h05, saindo da rodoviária. Minha última viagem é às 14h, saindo do Rocio”, explica. Para ele, o grande segredo para ser um bom motorista é o comprometimento. “Isso engloba tudo, o horário, você não chegar atrasado, ser pontual, estar bem apresentável, com uniforme, barba feita, sapato sempre limpinho, e tentar fazer sempre o melhor todo dia. A jornada de trabalho fica mais leve quando você gosta do que você faz. E é o que acontece comigo”.

Como profissional experiente e dedicado, Alexandre tem mais algumas dicas para quem quer iniciar na carreira de motorista de ônibus: “autoconhecimento, porque a gente lida com o público e é preciso saber se relacionar com os clientes e com outros colegas na empresa, além do trânsito, onde encontramos outros motoristas, ciclistas, motociclistas… O autoconhecimento ajuda no autocontrole e na confiança em sua capacidade. Acho que o estudo também é muito importante, seja através de livros ou de cursos, para melhorar a cada dia. Além disso, é bom conversar com os mais antigos para melhorar a didática do seu trabalho. Mas, o que realmente faz a diferença é a vocação e fazer as coisas com amor. O dia passa até mais rápido”.

3 respostas para “Alexandre de Paula trilhou uma longa jornada para tornar-se motorista de ônibus”

  1. Guilherme Souza disse:

    Alexandre um grande amigo , gente do bem!! Muito querido aonde passa.
    Desejo muito sucesso na jornada!!
    Deus no comando!!

  2. ALEXANDRE GOMES PAES disse:

    Fico feliz em ter presenciado a luta dele por esse objetivo. Merece por ser uma pessoa de caráter, honesta e de família, virtudes raras nesses tempos de tanta intolerância de costumes sociais. Abraço e continue assim.

  3. Patrícia dê Souza Lischt disse:

    Excelente profissional
    Muito querido pelos
    Passageiro da linha
    101 Rocio
    Parabéns

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